O dia nasceu nublado, apenas revelando que o sol estava nascendo, mas sem prometer dissipar as nuvens.
Sem promessa, sem expectativa, como gosto: prefiro não ter uma expectativa e ser surpreendentemente agraciada depois a aguardar quem sabe ansiosa pelo que foi prometido - que, ao não se concretizar, deixa um sabor amargo, beirando o desarrimo.
Mas a Natureza não se importa com o fato de o dia estar nublado, ensolarado, chuvoso… Deixa sua beleza despontar sob qualquer circunstância (desde que o homem, é claro, não interfira).
O orvalho ainda não deixara as flores, como o amante que, já tendo amanhecido, ainda quer sentir e beijar a pessoa amada por mais alguns momentos antes de partir.
Depois de alimentar o corpo com um generoso café da manhã e a alma com essas pequenas porém esplendorosas obras de arte, fui para a praia, caminhar na areia.
A caminho dos Molhes conheci o Penacho, um cavalo que recebe um tratamento carinhoso de seu dono, tal como merecem todos os animais desta Terra. Não serve para trabalho, é companheiro e amigo do seu dono, cuja mão lambia, seguindo-o logo que este fazia menção de se afastar.
Feliz com seu companheiro, Seu Luiz (se não me enganei quanto ao seu nome) contou-me que em razão da companhia do Penacho recobrou a sua saúde e voltou a ter uma vida feliz, depois de seu médico ter-lhe noticiado que seu estado de saúde não lhe permitiria mais muito tempo de vida.
Cheguei aos Molhes.
“Os molhes foram construídos de 1968 a 1970 para fixação da foz do rio e para facilitar a saída de barcos pesqueiros. Tem a extensão de 250 metros e por falta de verba a construção está inacabada, seriam necessários mais duzentos metros de cada lado. Antigamente a foz do rio situava-se mais ao norte, com a construção dos molhes formou-se um braço morto e as terras situadas entre a antiga e a nova foz pertencem a marinha.”
(Fonte: site da cidade de Torres)
Achei que poderia registrar o momento em que as ondas, ao encontrarem os molhes, levantam no ar, mostrando sua força e beleza, mas justamente nesses momentos, “instintivamente”, protegia a câmera fotográfica, recolhendo-a para evitar receber algum respingo…
Um único biguá à procura de uma refeição
A cidade de Torres vista dos molhes
MARINHA DO BRASIL
SERVIÇO DE SINALIZAÇÃO NÁUTICA DO SUL
FAROLETE MAMPITUBA SUL
Muito frio, muito vento, mas o mar era convidativo... Ainda que a água estivesse gelada, ela era esperada pelo meu corpo, que não declinaria o convite para banhar-se.
Depois de acostumar o corpo quente do sol e da caminhada à água frrrrria (inicialmente achei que o corpo todo ia ter cãibra!), não pensava em sair da água.
No entanto, como tinha agendado meu primeiro vôo (duplo) de paraglider para aquela hora, eu precisava seguir adiante. Não queria perder essa diversão!
Subindo o Morro do Farol, um cantor vigoroso e incansável marcava sua presença.
“É conhecido por Morro do Farol devido à construção do primeiro farol em 1912, que objetivava a sinalização de terra aos navegantes. Antigamente era chamado de Torre Norte, por ser a primeira torre que se avista no sentido norte-sul.
O objetivo desse farol é sinalizar a existência de terras aos navegantes. Esse farol, uma construção de madeira, com uma roda em cima, tendo esta roda janelas coloridas em vermelho, amarelo e branco, que giravam em torno de um lampião a gás, caiu durante uma forte tempestade em 1935. O farol atual possui 18 metros de altura, acendendo de 8 em 8 segundos, sendo visto em noites claras a uma distância de 8 milhas marítimas ou 12 Km.
O chapadão mais elevado tem cerca de 600 metros de largura e sua altitude superior de 46 metros e meio. Ao pé do morro, no lado do mar, existe uma gruta, de Nossa Senhora Aparecida e uma fonte de água puríssima.
Antigamente o cemitério da cidade se localizava no Morro do Farol, junto ao farol, exatamente no local onde atualmente existem as torres de transmissão.”
O antigo farol.
Como o vento havia aumentado muito, Claudio ou Bombeiro, como é chamado (ex-bombeiro e profissional em vôos de paraglider e paramotor), abortou a idéia quanto ao passeio de paraglider, mas poderíamos passear com o paramotor.
Ok! Não queria deixar de vislumbrar o litoral a partir de um ângulo um pouco mais elevado.
Foi um vôo duplo (o profissional e eu num mesmo equipamento). Subimos rapidamente devido à força do vento.
Achei que não tiraria fotos, pois estava literalmente boquiaberta diante da beleza da paisagem que me circundava.
Mas não queria deixar de registrar, e fotografei a imagem desse mar que encanta, quase hipnotiza quem admira sua imponência e sublimidade.
Vista para o sul – Morro das Furnas
“A mais importante das torres por seu tamanho é a do meio, também conhecida por Morro das Furnas. Fica a 600 metros do Farol separadas pela Praia da Cal.
É um tabuleiro alongado, com 135.000 m2 de superfície superior. Toda a encosta oriental compõe-se de falésias perpendiculares, batidas no sopé pelas ondas do mar: aí estão as furnas, tão famosas e admiradas. O ponto culminante de Torres, a 66 metros de altitude, encontra-se no primeiro dos dois cumes que formam o dorso da chapada, atrás do capitel. A pontezinha é a mais conhecida, dali se contempla o curioso arco de pedra chamado Portão. Poucos tem a possibilidade de descer até a enseada atrás do Portão para observar de perto as furnas inacabadas, escavadas a um milhão de anos por um mar que era 5 a 8 metros mais alto que hoje.
Em cima do morro, primeiro você passará pelo alto do Portão, de onde terá uma vista da enseada de cima. Depois passará pelas furnas da Garagem, que é um dos pontos mais fotografados de Torres. Próximo a Lagoinha dos Suspiros, um capitel com uma cruz o convida a oração, já estimulada pela majestade do cenário. O acesso as furnas não constitui qualquer problema. Há escadas de concreto com corrimões. Nem todos sabem que a furna grande é a menor delas (à esquerda de quem desce a primeira escada) a Furninha é a maior (à direita).
Os nomes foram consagrados há muito tempo. Na verdade a furna grande nem existe, é apenas um começo de gruta em que cada onda produz um estouro de ar comprimido quando penetra e uma bela cascata quando escoa. Ao descer a outra escada, você chega a uma plataforma quase ao nível do mar: é o diamante. A esquerda está a boca da Furna do Diamante, em que a lenda diz estar escondido um diamante preciosíssimo.”
Deleitei-me com o contorno das falésias!
A Lagoa Itapeva, em meio à nevoa, também pôde ser avistada
Braço do Morro das Furnas (em direção ao norte)
Foi o máximo que conseguimos nos aproximar da Ilha dos Lobos – espero em outra oportunidade aproximar-me mais.
“A Ilha dos Lobos é a única Reserva Ecológica do país onde existem lobos ou leões marinhos. A Ilha em si é um fenômeno geológico, sendo uma continuação da Serra Geral que corta o Brasil.
É o paradouro e local de acasalamento de lobos marinhos, e por isso é proibido qualquer tipo de pesca ou caça marinha, bem como o desembarque.”
Era hora de retornar…
Morro do Farol – ponto de partida do nosso curto mas rico vôo
Mirando novamente o mar rumo ao sul
O vento não permitiu que descêssemos sobre o Morro do Farol, de modo que pousamos na praia.
Cláudio, ainda com o paramotor preso ao corpo.
Vale a pena conferir algumas aventuras do pessoal que voa no portal de informações da cidade de Torres!
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